Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acredito na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.

Nelson Magalhães Filho

terça-feira, 8 de julho de 2008



 Lou Reed & Velvet Underground - Pale Blue Eyes

Um comentário:

Luciano Fraga disse...

Buenas,faz um tempão que passei por aqui,pensei que estava parado,que vacilão. Agora pude consertar esta falha comigo mesmo. Quem estava perdendo fui eu mesmo. Tudo muito legal,para fechar o velho L. Reed,abraço.