Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acredito na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.

Nelson Magalhães Filho

domingo, 20 de julho de 2008

Nelson Magalhães Filho. Série ANJOS BALDIOS 2008. Acrílica s/tela, 70X70 cm
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Um comentário:

Anônimo disse...

Maravilhoso seu trabalho. Já coloquei seus blogs nos meus favoritos. Abraços, Bel (www.beleleo.com.br).

12 de agosto de 2008 às 08:55

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