Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acredito na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho
Nelson Magalhães Filho. Mista s/papelão, 100X80 cm agora desentregar-me-iasufocantemente às damasdas ruas fedidas-devoradoe adoecido pelas velhas luzesque vão e que voltam, porque-vesânico:prostituindo-me pouco a poucoerrando-me nas coxas de begôniajorrando-me nas mães estreitasesmagomomentaneamante esse desvario.contra os postes e os automóveiscintilantes por causa da luade monstros-latiamporque sitar remosa:alisas meus cabelosranges meus ossosdesmelancolizadosatravés das doutrinas secretasde tua agudezpré-histórica.Nelson Magalhães Filho
Um comentário:
Buenas,latido raivoso de cão vadio,dentro do caos.
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