Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acredito na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.

Nelson Magalhães Filho

sábado, 6 de dezembro de 2008

CACHORRO RABUGENTO MORTO EM NOITE CHUVOSA


Um vídeo-poema de Nelson Magalhães Filho
Com
Priscila Pimentel
Direção de arte, fotografia de cena, maquiagem e figurino: Karla Rúbia
Música: Banda Inominável
Poema, imagens, edição e direção de Nelson Magalhães Filho
Duração: 5 min
Salvador -Ba- 2008

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