Marina tinha vinte anos...
Marina tinha vinte anos
e estava apaixonada
Seu passatempo predileto
era despir-se em frente
ao espelho
do seu quarto
Principalmente às sextas-feiras
quando seu amor
chegava de viagem
e ia visitá-la
Sedento
ele não demorava
a buliná-la
Pingos de chuva
batiam forte em sua janela
de vidro
Usando um vestido longo
e sem calcinhas
Ela encachava-se
de frente
sobre seu colo
Seus pelos pubianos
roçavam
suas coxas
"Chupa vai!", ela disse
Sua buceta com corte
à la Charles Chaplin
era como ele gostava...
Marina gemia
aos seus toques
frenéticos
Não demorou a penetrá-la
"Mete, mete..."
Ela era insaciável
"Você gosta da minha bucetinha, hein?"
"Adoro!"
"É sua"
"Sei..."
O telefone toca
ele atende
era sua ex-mulher
gritando, disse:
"Você já pagou a escola dos meninos?
a irmã tá me cobrando direto!"
Desligou
"Caralho!"
Não acreditava no que acontecia...
"O que foi meu amor?"
"Nada, nada..."
Leonard Cohen cantava
baixinho:
"i'm your man..."
A essa altura
incomodava-se
com o vinho
derramado aos seus pés.
Postado por Tarcísio Buenas
http://lavergadelbuenas.blogspot.com/
Realizar trabalhos de arte a base das experiências existenciais, como transpor as imensidões dolorosas das noites urinadas. Fingir figuras concebidas do desejo e da amargura. Instigações obscurecidas pela lua. Não acredito na pintura agradável. Há algum tempo meu trabalho é como um lugar em que não se pode viver. Uma pintura inóspita e ao mesmo tempo infectada de frinchas para deixar passar as forças e os ratos. Cada vez mais ermo, vou minando a mesma terra carregada de rastros e indícios ásperos dentro de mim, para que as imagens sejam vislumbradas não apenas como um invólucro remoto de tristezas, mas também como excrementos de nosso tempo. Voltar a ser criança ou para um hospital psiquiátrico, tanto faz se meu estômago dói. Ainda não matem os porcos. A pintura precisa estar escarpada no ponto mais afastado desse curral sinistro.
Nelson Magalhães Filho
Nelson Magalhães Filho
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
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3 comentários:
massa!
abs,
buenas!
Há que manter a agenda em dia e saber viver a meia-idade; tudo é tão relativo... :)
Belo poema, o do seu Tarcísio (espero que não seja autor e personagem, ou sim).
Abraço.
Este rapaz é um "ousadão" hein?Este blog está cada vez mais cruel e belo,"difuder". Que os porcos sangrem até que toda vergonha e ruindade escorram...Abraço.
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